14 julho, 2010

NO MURO


Eu tenho mais ou menos certeza de tudo que vou dizer neste post. Mas nem tanto assim. Talvez não, eu acho.

Assistindo aos programas da extinta TV Pirata, e comparando seu humor ácido da década de 80 com o que vemos hoje na mídia, percebi que o início da década de 90 foi marcado não apenas pela queda do muro de Berlim, mas também pela construção de outro muro, um muro no qual a comunicação – neste caso, a brasileira – foi obrigada a fixar-se sobre, sem escolher de qual dos lados ficaria.

Nenhum programa, propaganda, filme ou seriado pode deixar expressa sua real posição, seu real pensamento. Não há espaço para o vermelho ou para o azul vibrante. Ficou tudo bege.

Ninguém pode falar abertamente de preconceito, de política, de sensualidade... coisas que estão presentes em nossas vidas mas que temos que fazer de conta que não.

E qualquer ensaio de discurso mais aberto é prontamente censurado. Mas a censura não existe atualmente em nosso país, certo?

Mas vou subir no muro um pouquinho, prometo que desço – é preciso tomar cuidados com as crianças, com teorias apaixonadas e ferrenhas, com dogmas religiosos e qualquer coisa que tenha um caráter ideológico e, por vezes, manipulador.

Isso, porém, não quer dizer que não seja permitido levantar questões polêmicas, colocar dedos em feridas e dizer as verdades que pairam no ar e que a sociedade insiste em fingir e dizer que "não, isso não é comigo".

Bem, é isso o que eu penso. Ou não, talvez.

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